Convite de Abertura à Leitura das Cartas
ESTAÇÃO MEMÓRIA
Antônia de Souza
Verdini (Toninha)
São Paulo, 25 de abril de 2012.
Caro amigo (ou amiga)
Lembranças do passado! Quantas
afloradas e quantas intencionalmente ou misteriosamente sufocadas, mascaradas,
escondidas... E vocês, jovens, a nos pedir nossas memórias... Com que
satisfação iniciamos nossa correspondência/diálogo com vocês!
Para ativarmos o que parece
escondido no baú das nossas memórias, um bate papo animado num grupo
aleatoriamente formado, veio trazendo momentos vividos, frases marcantes,
notícias verdadeiras e falsas que alimentaram nosso dia a dia num passado nem
tão distante...
Falar em Getúlio Vargas, o conhecido,
além de ditador, como o “pai dos pobres”, me trouxe a lembrança do dia de sua
morte, em que eu tinha 11 anos, vivendo num internato, e vi as freiras chorando
pela grande perda que a nação estava sentindo.
Só muito mais tarde, vivendo num
outro período ditatorial a partir do golpe militar de 31 de março, eu já era
capaz de ter opiniões sobre os fatos que ocorriam e que eram muitas vezes
manipulados pelos detentores do poder e pela imprensa, tanto de direita como de
esquerda, que distorciam ou minimizavam os acontecimentos.
Minha relação com militares já era
traumática desde a relação com meu pai que também era militar, fazendo parte do
que na época se chamava de “guarda-civil. Ele sempre usava uma farda
azul-marinho, com seu revólver na cintura e o medo sentido na infância se
misturava ao medo da repressão nesse difícil período ditatorial que impedia uma
vivência de liberdade.
As canções do Chico Buarque e
outros músicos ajudavam a trazer a público o desejo de sentir e dizer, sem ser
reprimido. A repressão me trazia os mesmos sentimentos de quando eu tinha que
calar a boca, uma ordem bastante comum no meu Colégio.
Trazer
essas lembranças à tona e compartilhar com os demais possibilita deixar que um
pouco da experiência vivida se mostre com a intensidade que o viver trouxe. E
esse diálogo iniciado com vocês, jovens com outras experiências de vida, é
muito importante para ambas as partes. É como um encontro entre gerações
diferentes, propiciado pela troca de cartas! Isso me deixa muito feliz!
Quem desejar acessar o conteúdo das demais cartas, basta clicar no link abaixo:
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